Após hiato de 4 anos, Alanis Morissette volta em novo disco


Em 'Flavors Of Entanglement', canadense flerta com experimentações pop, sem desprezar o rock de sempre


PAULO - Após um hiato de 4 anos, Alanis Morissette lança nesta segunda-feira, 2, Flavors Of Entanglement, 7.º álbum de sua carreira. Com uma sonoridade que mistura o rock de sempre com o pop descompromissado e uma pitada de eletrônica - novidade em sua carreira trazida pelo produtor Guy Sigsworth, que já trabalhou com Madonna e Björk -, neste disco pouco se vê daquela jovem revoltada que no final da década passada vendia mais CDs que qualquer outra artista.


No ano passado, Alanis, de 34 anos, se separou de seu noivo, o ator Ryan Reynolds - em Flavors Of Entanglement, o assunto é tratado de forma ora sutil (como na frágil Not As We), ora direta (na arrebatadora Torch). As 11 faixas do novo álbum podem ser consideradas um diário da vida da cantora nos últimos tempos. "É sempre sobre a minha vida. Eu não consigo escrever sobre a vida das outras pessoas", disse a canadense, ao comentar o novo material antes de se apresentar no Rock in Rio Lisboa.

Hoje, a adolescente de You Oughta Know - que em 1995 se apresentava de jeans e camiseta nas premiações de música - deu lugar a uma mulher madura, mas que ainda sabe misturar o pop e rock com personalidade. A épica Citizen Of Planet e a divertida Giggling Again For No Reason são provas disso, e a influência eletrônica de Sigsworth dão o tom certo ao novo material de Alanis.

Vendagens

Alanis diz não se importar com as vendas de seus álbuns. "Crie arte. Compartilhe. Não importa para mim se ninguém comprará os discos", disse recentemente, em entrevista à revista Entertainment Weekly.

Na prática, porém, Alanis mostra que sabe fazer canções que rapidamente são identificadas pelo público, mas que nem sempre correspondem a cartilha do pop. Em uma época dominada pelo hip-hop, o primeiro single de Flavors Of Entanglement passa longe das batidas urbanas - Underneath é uma canção de claro apelo radiofônico, mas seus pouco mais de 4 minutos ainda conseguem soar sinceros e convincentes.

Em Versions Of Violence e Moratorium, é possível identificar claramente a influência da produção de Sigsworth, e um ouvinte mais atento logo relaciona as músicas aos trabalhos do produtor com Björk. Mas as letras complexas e o timbre inconfundível da voz de Alanis não deixam dúvidas de que as canções são da canadense.

"Acredito que os dois elementos mais inspiradores na vida são a alegria e a raiva. Eu posso escrever zilhões de músicas sobre essas duas forças", afirmou a artista. Em seu novo álbum, há pouca raiva, mas sobra inspiração. Desde o fim do noivado, a roqueira trabalhou muito: prova de que, para uma cantora, nem sempre uma decepção é sinônimo de drogas e depressão. Para Alanis, a desilusão lhe rendeu seu melhor disco em anos.



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